O orbital paralelo de pensamentos avulsos.

Monday, August 27, 2007

Fica pra próxima

É amigo, fica pra próxima.
Hoje eu não tô com cabeça pra isso, não.
Hoje eu não tenho cabeça.
Sim, ela levou.
Mas a culpa é minha.

Saturday, September 16, 2006

Liberdade de não-expressão

E soube dizer quando não podia
Não soube dizer quando podia falar
Pôde falar do que não sabia
Não sabia falar, nem quando dizer

Viu o que não aparecia
Parecia ver o que não havia
Não pareceu haver o que via
Viu o que não podia dizer

O grito correndo no vácuo
A imagem do homem no escuro.

Porque assim disse Wado:
Uma raiz é uma flor que despreza a fama.

Sunday, July 23, 2006

Rabbit In Your Headlights

Era só mais um homem, ou o homem era só mais um, seja lá o que fosse.
E o que era, não significava muito naquele momento.
Não naquele túnel escuro, clareado de vez em quando pelos faróis dos carros.
Alguns desviavam do homem, andando no meio do túnel, quando notavam sua presença, que, agora, só pensava no porquê de Mariana ter feito aquilo.
Puxando o capuz do casaco pra cima da cabeça, viu um carro, cujo motorista não o viu. E bateu.
Bateu, e o homem rolou por cima do carro e no chão. E se levantou.
E levantando, puxou novamente o capuz do casaco pra cima da cabeça.
Por que diabos Mariana teria feito aquilo?
Mais um carro que não desvia, e bate. Bate, e o homem rola por cima do carro e no chão. E se levanta de novo. E levantando, puxa o capuz do casaco novamente pra cima da cabeça.
Sucessivamente o homem é atropelado, mas a concentração em Mariana parecia fazer com que o próprio homem não notasse que havia sido apanhado por um carro, rolado por cima deste, e no chão.
Por fim, o homem se levantou depois de mais um carro o ter atropelado, mas não puxou o capuz do casaco pra cima da cabeça.
Pensando no porquê de Mariana ter feito aquilo, o homem tirou o casaco que ela havia lhe dado, um ano atrás.
Mais um carro vinha, sem também notar a presença do homem, que, sem casaco, abriu os braços.
Mas o homem não imaginou que era um pássaro, ou um anjo.
Imaginou que era um coelho. Um coelho nos pensamentos de Mariana, e dos motoristas que não o notavam. E o carro atingiu o homem.
Por que diabos Mariana teria feito aquilo?
E o homem continuou parado no meio do túnel, sem casaco.
O carro dividiu-se em dois, enquanto o homem continuava imponente no meio do túnel.
Mas o homem pensava.
Pensava no porquê de Mariana ter feito aquilo.