Rabbit In Your Headlights
Era só mais um homem, ou o homem era só mais um, seja lá o que fosse.
E o que era, não significava muito naquele momento.
Não naquele túnel escuro, clareado de vez em quando pelos faróis dos carros.
Alguns desviavam do homem, andando no meio do túnel, quando notavam sua presença, que, agora, só pensava no porquê de Mariana ter feito aquilo.
Puxando o capuz do casaco pra cima da cabeça, viu um carro, cujo motorista não o viu. E bateu.
Bateu, e o homem rolou por cima do carro e no chão. E se levantou.
E levantando, puxou novamente o capuz do casaco pra cima da cabeça.
Por que diabos Mariana teria feito aquilo?
Mais um carro que não desvia, e bate. Bate, e o homem rola por cima do carro e no chão. E se levanta de novo. E levantando, puxa o capuz do casaco novamente pra cima da cabeça.
Sucessivamente o homem é atropelado, mas a concentração em Mariana parecia fazer com que o próprio homem não notasse que havia sido apanhado por um carro, rolado por cima deste, e no chão.
Por fim, o homem se levantou depois de mais um carro o ter atropelado, mas não puxou o capuz do casaco pra cima da cabeça.
Pensando no porquê de Mariana ter feito aquilo, o homem tirou o casaco que ela havia lhe dado, um ano atrás.
Mais um carro vinha, sem também notar a presença do homem, que, sem casaco, abriu os braços.
Mas o homem não imaginou que era um pássaro, ou um anjo.
Imaginou que era um coelho. Um coelho nos pensamentos de Mariana, e dos motoristas que não o notavam. E o carro atingiu o homem.
Por que diabos Mariana teria feito aquilo?
E o homem continuou parado no meio do túnel, sem casaco.
O carro dividiu-se em dois, enquanto o homem continuava imponente no meio do túnel.
Mas o homem pensava.
Pensava no porquê de Mariana ter feito aquilo.